A Paraíba está no
segundo pior lugar do país em relação à atividade educacional no sistema
penitenciário, com uma média de 26,4 presos estudando por grupo de mil.
O Estado só perde para o Maranhão, que registrou uma média de 22,9. Os
números são do levantamento do Instituto Avante Brasil, baseado nos
dados do Sistema de Informações Penitenciárias (InfoPen) dos últimos
cinco anos (2008-2012).
O estudo revela ainda que a taxa de
pessoas na educação nos presídios por mil presos paraibanos caiu 10,6%
nos últimos 5 anos. Já a evolução educacional da população carcerária
total teve redução de 12,2%. Na Paraíba, a maior incidência entre as
modalidades de ensino é na Alfabetização, que contabilizou 650
estudantes nesse período, seguida pelo Fundamental, com 261. No Ensino
Médio, foram identificados apenas 16 alunos presidiários. Já no ensino
de nível superior e técnico não houve registros.
Na Penitenciária Desembargador Flósculo
da Nóbrega, mais conhecido como presídio do Róger, em João Pessoa, cerca
de 120 apenados estão estudando o Fundamental I e II, além do Ensino
Médio, sendo 40 por turma, segundo uma das professoras que lecionam na
unidade. Um deles é Wedson Gonçalves Gomes de Albuquerque, 31 anos, que
está detido há quatro meses, acusado de assalto à mão armada. Ele que é
réu primário, casado e pai de três filhos, conta que aos 18 anos parou
de estudar, mas que após três meses de prisão decidiu retomar os
estudos.
"Há um mês senti vontade de voltar a
estudar para ocupar a cabeça e esquecer as tribulações que passo aqui
dentro. Isso me trouxe boas recordações, como ler, escrever e aprender
algo novo, o que tem me deixado feliz, não por estar preso, mas por
voltar a me estabilizar perante a sociedade. Quando sair vou continuar a
estudar e buscar um novo rumo na vida", contou Wedson, que está
estudando do 5º ao 8º do Fundamental II no período da tarde.
Wedson Gonçalves ressaltou que tem
aprendido muito durante as aulas e que devido a sua evolução nos
estudos, hoje é monitor da turma do 1º ao 4º ano do Fundamental I, pela
manhã. "O apoio que recebemos aqui incentiva ainda mais aos estudos,
pois temos todo o material escolar, inclusive óculos de grau, que ganhei
após relatar à professora que estava enxergando embaçado. Sou grato
pelas oportunidades que são dadas aos presos, pois nos ajudam a
ressocializar diante da sociedade, por isso quero abraçar essa
oportunidade de estudar e seguir em frente, pois é a primeira vez que me
encontro nesse local e estou arrependido. Junto com os estudos vou
lutar para não voltar mais ao presídio", relatou.
De acordo com o levantamento, em 2008,
ano inicial do estudo, na Paraíba havia 8.596 presos, sendo a maioria do
sexo masculino, já que somente 321 eram do sexo feminino. Dessa soma da
população carcerária, 376 exerciam algum tipo de atividade educacional,
onde 159 eram da alfabetização, 210 do ensino fundamental e sete do
ensino médio, sendo em sua totalidade frequentados por homens. Em 2008
foi a maior alta de participação de presos na educação carcerária, com a
taxa de 42,2 por mil presos.
No ano seguinte, houve uma redução de
72,61% dos presos em atividade educacional, pois o número de
participantes no ensino caiu para 103 presidiários, sendo 87 homens (72
na alfabetização e 15 no ensino fundamental) e 16 mulheres (12 na
alfabetização e quatro no fundamental). O resultado obtido foi uma média
de 12,1 estudantes para cada mil presos. Em 2010, as estatísticas
também apontaram queda, desta vez, de 63,11% em comparação ao ano
anterior, já que havia apenas 38 presos estudando, o que representou uma
média de apenas cinco estudantes por mil presos. Em virtude disso, 2010
foi o pior ano da educação carcerária.
JPonline
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