A segurança do
papa Francisco, um chefe de Estado de risco, está preparada para
identificar no meio da multidão o rosto do atentado: a face pálida, a
atitude tensa, o traje em desacordo com o clima, um olhar fixo. O "lobo
solitário", como é definido nos cenários dos especialistas um autor de
uma eventual ação violenta contra o pontífice, é a maior preocupação do
grandioso esquema de segurança da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a
ser realizada no Rio, entre os dias 23 e 28 de julho.
Um enorme dispositivo envolvendo 20 mil agentes, entre os quais de 8,5
mil a 12 mil militares, foi mobilizado para o esquema montado pelo
Ministério da Defesa e a Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos
(Sesge) do Ministério da Justiça.
O contingente
terá à disposição recursos como helicópteros armados, ao menos dois
caças supersônicos F-5M, aviões de ataque leve A-29 Super Tucano, um
avião de inteligência R-99 e um Vant, a aeronave não tripulada, que fará
reconhecimento de áreas como o gigantesco Campus Fidei, onde serão
realizados a Vigília da noite de sábado, dia 27, e a Missa do domingo,
dia 28. Nas duas celebrações são esperados de 1,5 milhão a 2 milhões de
jovens fiéis.
Em terra, haverá blindados armados e de transporte de tropa,
distribuídos de maneira discreta e sem interferir na rotina prevista
para o Rio durante a Jornada. No total, cerca de 300 veículos de
diversos tipos estarão no Rio e em Aparecida, para onde Francisco irá no
dia 24.
O Comando da
Marinha participa fazendo o controle da faixa marítima. O plano da Força
ainda está sendo definido, mas deve ter um navio - provavelmente um dos
três novos patrulheiros da classe Amazonas, ou uma fragata da série
Niterói, armada com mísseis, canhões e torpedos - e lanchas rápidas. O
tráfego de embarcações na Baía da Guanabara será monitorado, com
previsão de abordagem para a inspeção. Os fuzileiros navais estão no
programa.
A empreitada foi inspirada no plano criado para dar garantia à reunião
Rio+20, em 2012, e está integrada ao projeto de acontecimentos
internacionais iniciado com a Conferência da ONU e que só termina em
2016, com a realização dos Jogos Olímpicos. São estimados investimentos
de R$ 710 milhões. Já foram liberados R$ 640 milhões para o custei0
direto. A missão do Papa e JMJ começa no dia 15 e deve terminar em 5 de
agosto.
Hospital de campanha.
As tarefas
foram divididas entre polícias, locais e federal, mais as Forças
Armadas. Caberá aos civis determinados cuidados, como acompanhar o
movimento de chegada dos peregrinos e autoridades estrangeiras.
Trânsito, segurança direta dos chefes de Estado e as escoltas também
estão sob a responsabilidade da polícia do Rio e da PF.
O pessoal da Defesa vai trabalhar nas atividades da Base Aérea do
Galeão, nos controles do espaço e do mar "e, sobretudo, na prevenção e
combate ao terrorismo", segundo o general Jamil Megid. Esse é um tema
delicado. Ele não confirma o deslocamento de equipes das Forças
Especiais, de Goiânia, embora admita que haja "equipes localizadas" no
Rio e em Aparecida na condição de alerta.
O papa vai se
encontrar com a presidente Dilma Rousseff em Copacabana, no dia 26. Da
agenda de Francisco constam visitas a um hospital e à Quinta da Boa
Vista. Os coordenadores da programação consideram a possibilidade de que
governantes da região, como a presidente Cristina Kirchner, da
Argentina, Juan Santos, da Colômbia, e Nicolas Maduro, da Venezuela,
possam comparecer à JMJ.
O grupo militar vai usar uma ponte metálica para facilitar o acesso ao
Campus Fidei de Guaratiba e um hospital móvel para atender emergências.
No ar, o Vant da FAB vai vigiar tudo em um raio de 250 km, com sistema
de visão noturna e lentes de alta resolução. Pode permanecer em voo por
até 16 horas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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