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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Mito? Palcos dos teatros de João Pessoa despertam boatos e lendas sobre fantasmas

Mito? Palcos dos teatros de João Pessoa alimentam boatos e lendas sobre fantasmas

Elas passam de geração a geração e são contadas e recontadas pelos antigos aos mais novos. As lendas urbanas misturam mito, verdade, fantasias, medo e realidade. A psicologia tem sua explicação, assim como o espiritismo tem sua crença e o imaginário popular alimenta suas versões. Quem está certo? Não tem como avaliar, afinal, cada pensamento vai de acordo com a crença de cada um.
Alguns casos marcantes e famosos acontecem em pontos turísticos de grandes cidades, outros, tomam proporções a nível nacional, como é o caso da "lenda da brincadeira do copo". Segundo a lenda, um grupo de amigos resolveu fazer a brincadeira do copo durante uma festa, um deles era descrente e resolveu perguntar se alguém naquela mesa iria morrer recentemente, a resposta foi sim e logo em seguida o copo que em algumas versões é substituído por uma lapiseira, se estilhaça na frente de todos. Algum tempo depois, eles ficam sabendo que o rapaz que não "respeitou" o espírito havia morrido num acidente de carro. Em João Pessoa não é diferente, os pontos históricos da cidade reúnem uma legião de narrações com versões adaptadas à crença de cada pessoa.

Lendas no palco do Teatro Santa Roza

O Teatro Santa Roza desde sua fundação em 1889 é conhecido na capital como um dos pontos de maior número de lendas urbanas contadas por diretores, funcionários, artistas e visitantes que já passaram pelo local. O ex-diretor Tarcísio Pereira conta que já levou um empurrão nas costas quando estava dentro do porão do Teatro sozinho. Severino Ramos que trabalha no Teatro há 29 anos, revelou que alguns atores já presenciaram cenas "estranhas". "Uma atriz que se apresentou aqui estava sentada atrás do palco conversando comigo quando escutou a torneira do camarim ser aberta. Ela foi fechou e quando retornou ao palco a torneira voltou a abrir", disse. A maioria dos funcionários da Casa são antigos e revelam que mesmo com todas as histórias contadas não têm medo do Teatro e gostam de seus trabalhos.
Os rumores da presença de Ednaldo do Egypto -  ator, diretor e ícone do teatro paraibano que ajudou a fundar o atual Teatro Ednaldo do Egypto -  ainda rondam o local, principalmente daqueles que eram muito próximos dele. José Maria Gomes, ex vigilante do Santa Roza diz ter visto Ednaldo passando há muito tempo atrás andando pelo Teatro. Já o ator paraibano Evaldo revelou ter escutado uma voz chamando seu nome nos bastidores do palco, ele brincou com os outros funcionários sobre o assunto e disse que achava que era Ednaldo do Egypto chamando sua atenção.
Detentor do maior número de relatos, o ex vigilante José Maria Gomes é conhecido como o contador de histórias de lendas, mitos e fantasmas do Teatro. Hoje ele é aposentado e não trabalha mais no local. José conta que quando estava sozinho à noite viu um homem descendo a escada do palco em direção a platéia e logo sumiu. Mas, não pára por aí. O ex vigia já escutou o piano e a campainha tocarem sozinhos, além de afirmar que seu café já foi "roubado" várias vezes por alguém que ele nunca viu.
De volta à história
Funcionários acreditam que o passado "obscuro" do Teatro possa ter contribuído para a existência de lendas e mitos no local. Há muitos anos o espaço funcionava como um local de espetáculos para matar escravos foragidos de seus coronéis e bandidos. Outro relato afirma que na década de 80 enquanto o mágico húngaro João Balabrega fazia uma apresentação com elementos químicos, sofreu um acidente e morreu queimado, motivo pelo qual o Santa Roza fechou suas portas por alguns anos.
Waldemar Dornelas é o funcionário mais antigo do Teatro, há mais de 35 anos ele é cenotécnico do local. Ele confessa que uma espírita solicitou uma visita ao porão para espantar os espíritos que vagavam por lá. "Quando ela entrou no porão eu fiquei do lado de fora escutando um barulho de chicote e muitos gritos. Ela revelou que antigamente os coronéis estupravam e matavam as filhas dos escravos, por isso que o local tinha tanta energia negativa". Em seu relato ele conta que quando saiu do porão a mulher estava intacta, como se nada tivesse acontecido.
Vestes brancas
Uma das histórias mais conhecidas pela sociedade através da divulgação em veículos é a da funcionária Celina da Silva que está há 30 anos no emprego. Segundo a colaboradora, enquanto fazia a limpeza do palco viu uma mulher vestida de branco, pernas cruzadas e cabelos loiros cacheados. "Nesse dia eu estava sozinha, mas, a funcionária que trabalhava na bilheteria, afirmou já ter visto está mulher por aqui", revelou. Celina afirmou não ter medo do que viu e acha que é impressão da sua cabeça devido as histórias existentes em torno do espaço, mas, prefere não arriscar e não fica sozinha à noite no local.
Outro local que não fica para trás quando o tema é lenda urbana é o Forte de Santa Catarina. O lugar gera medo a funcionários e à população que vive ao redor. No Forte, a lenda da mulher de branco é uma das mais conhecidas no Estado. Segundo o guia turístico, Joseilton Lira, na época colonial uma índia foi espancada e decapitada no local, fato que deu origem a lenda da mulher de branco do Forte de Santa Catarina. "Uma senhora que vinha todas as noites buscar seu marido que trabalhava aqui, disse ter visto a mulher de branco várias vezes andando pelos jardins do Forte", revelou.
A lenda é tão conhecida que deu origem a uma pintura na entrada do Forte com diferentes imagens da mulher vestida de branco relatada por pessoas que trabalharam no local, viram ou escutaram a história. Joseilton que trabalha no local há anos nunca viu nada estranho, mas confessa que já sentiu arrepios enquanto olhava o quadro na sala.
Passos no Teatro de Arena do Espaço Cultural
Outro ponto de João Pessoa conhecido pelas lendas urbanas é o Teatro de Arena do Espaço Cultural. A mulher de branco ainda não apareceu pelo lugar, mas, os passos fortes e barulhos de portas batendo já virou assunto comum para os funcionários de lá.
Segundo o ex diretor José Maciel Júnior, muitos colaboradores já relataram casos, mas, ele trabalhou por mais de 20 anos no Teatro e nunca viu nada fora do comum. "Eu às vezes até dormia lá quando tinha muito trabalho para fazer e nunca escutei nada". Por outro lado ele conta que funcionários já escutaram barulho de passos e portas batendo várias vezes e sem explicação.
Em entrevista o presidente do Forte de Santa Catarina Osvaldo da Costa Carvalho revelou que está desde 1991 coordenando o local e nunca viu nada estranho. "Já vim em todos os horários, inclusive à noite e só vi cobras e caranguejeiras no máximo, às vezes isso tudo é do imaginário das pessoas, coisas que elas criam na cabeça, talvez até por conta de superstições do histórico do lugar".
Quando perguntado sobre relatos de outras pessoas Oswaldo recorda o fato ocorrido durante uma apresentação da Paixão de Cristo onde o ator da peça viu um vulto na arena de apresentação.  Até o final desta matéria nada suspeito foi encontrado e a equipe do clickpb não sentiu nada estranho nos lugares em que passou nem com as pessoas que conversou.

Tayná Alexandre

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