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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Delegado diz que ex-comandante foi o 'autor intelectual' da morte da juíza

O delegado da Divisão de Homicídios (DH), Felipe Ettore, afirmou que a motivação para o assassinato da juíza Patrícia Acioli seria uma investigação da magistrada sobre o envolvimento do tenente-coronel Claudio Luiz Oliveira em casos de corrupção e execuções. O ex-comandante do 7º BPM (São Gonçalo) foi apontado como o mandante da morte da juíza por um dos cabos que já foram presos pelo crime.
"Ele foi o autor intelectual deste crime. Há testemunhos de que a juíza gostaria de prendê-lo, estava buscando elementos para comprovar a participação em crimes. E ele lançou mão desse artifício para não ser preso. A motivação foi essa", declarou Ettore, em entrevista coletiva realizada na tarde desta terça-feira no prédio do Tribunal de Justiça, no Centro da cidade.

Também estavam presentes à coletiva o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha e o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos.
Acusado alega inocência
Oliveira negou envolvimento no assassinato da magistrada. Ele foi levado para a Divisão de Homicídios (DH), na Barra da Tijuca, para prestar depoimento na tarde desta terça-feira e depois ficará preso no presídio de Bangu 8, Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste.
Oliveira se defendeu das acusações e afirmou desconhecer o depoimento de um dos cabos presos acusados do crime que o apontou como mandante. O policial, que estaria sendo ameaçado de morte, participou de antecipação de prova, obtendo o direito à delação premiada, que pode acarretar em redução de pena. "Acredito na Justiça, sou inocente e tenho certeza de que isto vai ficar provado", disse o ex-comandante.


Foto: Severino Silva / Agência O Dia
O ex-comandante do 7º BPM, Cláudio Luiz de Oliveira, chegou para prestar depoimento na Divisão de Homicídios e foi cercado por jornalistas | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Além do tenente-coronel, outros cinco policiais militares do Grupo de Ações Táticas do Batalhão de São Gonçalo também tiveram a prisão decretada. Os PMs são acusados de forjar um auto de resistência durante uma operação policial em que o jovem Diego de Souza Beliene, de 18 anos, foi morto no Complexo do Salgueiro, São Gonçalo, em junho. As prisões de três PMs envolvidos foram decretadas por Patrícia horas antes de ser executada.
"O comandante-geral da PM Mario Sérgio entrou em contato com o tenente-coronel e determinou que ele se apresentasse no Batalhão de Choque", disse o corregedor Ronaldo Menezes, durante entrevista coletiva na manhã desta terça. Mario Sérgio está internado após a realização de uma cirurgia nesta segunda-feira. Cláudio Luiz foi exonerado do comando do 22º BPM (Maré) e se apresentou na carceragem do Batalhão de Choque no início da madrugada desta terça-feira.
Cláudio de Oliveira foi transferido no fim de agosto para o comando do 22º BPM (Maré). Segundo a corporação, contudo, na época da tranferência o tenente-coronel ainda não estava entre os suspeitos de participar do crime. O subcomandante do 22º BPM assume a unidade interinamente. A prisão decretada na noite desta segunda-feira tem validade de 15 dias.

Charles de Azevedo Tavares, Alex Ribeiro Pereira, Carlos Adílio Maciel Santos, Sammy dos Santos Quintanilha e Giovane Falcão Júnior também tiveram a prisão decretada nesta segunda-feira, mas já estavam detidos acusados de forjar um auto de resistência durante uma operação policial em que o jovem Diego de Souza Beliene, de 18 anos, foi morto no Complexo do Salgueiro, São Gonçalo, em junho. A Polícia Militar ainda não havia confirmado se o mandado de prisão expedido para Júnior César de Medeiros havia sido cumprido nesta terça-feira.

O tenente Daniel Santos Benitez Lopes e os cabos Sérgio Costa Júnior e Jeferson de Araújo Miranda, detidos no dia 12 deste mês, estão em unidades prisionais diferentes para evitar que combinem versão para depoimentos futuros. Ao todo são 10 presos acusados de envolvimento no crime.
Patrícia já processou tenente-coronel

O tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, de 45 anos, já chefiou o Serviço Reservado (P-2) do Bope e do 16º BPM (Olaria). Considerado linha dura pelos companheiros de corporação, ele já foi processado pela juíza Patrícia Acioli.
Em setembro de 1989, durante a partida entre Brasil e Chile - marcado pelo episódio da fogueiteira - Patrícia, então defensora pública, estava no meio de um grupo de torcedores envolvidos em uma briga. Cláudio Luiz de Oliveira, na época tenente, deu voz de prisão e todos foram levados para a delegacia. Patrícia, contudo, processou Cláudio por abuso de autoridade. Ele acabou absolvido.
Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia
Comandante foi escoltado até a entrada da unidade que investiga a morte de Patrícia Acioli nesta terça-feira | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia
Com 26 anos de Polícia Militar, o tenente-coronel completou em 1989 o curso de Operações Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Ele ficou ficou 11 meses no comando do 7º BPM, em São Gonalo, segundo maior município do Estado. 
Transferidos para fora do Estado
O presidente do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) Manoel Alberto Rebêlo comentou nesta terça-feira a prisão do tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, suspeito de ser o mandante da morte da juíza Patrícia Acioli, assassinada no dia 11 agosto em Niterói. De acordo com Rebêlo, a rápida ação da polícia vai inibir futuros crimes desta natureza.
"Hoje os criminosos vão pensar duas vezes antes de cometer um crime contra agentes públicos porque eles têm a certeza que serão punidos", disse em entrevista à Rádio BandNews. O presidente do TJ afirmou ainda que o juiz Fábio Uchôa, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, que decretou a prisão do comandante já teve a segurança reforçada. "Desde segunda-feira à noite ele já conta com seguranças", afirmou.
Manoel Rebêlo também afirmou que espera que os acusados sejam punidos e cumpram penas em presídios fora do Estado.  "Os culpados serão processados, punidos e, no que depender de mim, cumprirão pena em presídio de segurança máxima fora do Rio".

Juíza foi seguida durante 40 minutos
Imagens da juíza Patrícia Acioli sendo seguida pelos assassinos ajudaram a polícia a desvendar a mecânica do crime. Nas gravações, dupla de moto é flagrada por câmeras de segurança e de trânsito perseguindo o carro da magistrada por 40 minutos, em sete pontos distintos, desde que ela deixou o Fórum de São Gonçalo até ser morta na Região Oceânica de Niterói, pouco antes da meia-noite de 11 de agosto.
Arte: O Dia
Arte: O Dia
Um detalhe chamou a atenção dos investigadores da Divisão de Homicídios: os assassinos passaram pelo carro da juíza quando ela tomou o caminho de Piratininga, onde morava, e esperaram por ela na porta da casa, como revelou a reportagem publicada em O DIA no dia 12. A ultrapassagem do carro de Patrícia pela moto foi filmada pela câmera de um ônibus.
Fotos dos envolvidos no crime também foram divulgadas. Como O DIA noticiou com exclusividade, os acusados — três PMs do 7º (São Gonçalo) — tiveram as prisões temporárias decretadas dia 11. Eles são o tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e os cabos Sergio Costa Junior e Jefferson de Araujo Miranda.
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Policiais tramaram morte de Patrícia Acioli com um mês de antecedência | Foto: Reprodução de Vídeo
A investigação também rastreou os celulares dos acusados, o que mostrou que os três estiveram um mês antes do assassinato na rua onde morava Patrícia, para planejar o crime.
Tiros com o carro em movimento
A perícia no carro da juíza Patrícia Acioli mostrou que os assassinos atiraram com o veículo ainda em movimento, assim que a magistrada chegou à porta de sua casa. Houve disparos que entraram em linha reta na lataria e outros, em diagonal. Patrícia foi atingida por 21 tiros de revólver calibre 38 e pistola calibre 40, ambas armas usadas pela PM, e também de 45, de uso restrito. Segundo o laudo cadavérico, a maioria dos ferimentos foi no tronco e no pescoço.
Conforme O DIA noticiou com exclusividade em 22 de agosto, parte das balas que mataram a juíza era de um lote de munição comprado pela Polícia Militar.
A investigação ainda procura identificar as armas usadas no crime. A Polícia Civil recolheu mais de 700 armas no 7º BPM (São Gonçalo) para confrontar laudos de balística com os projéteis recolhidos no corpo de Patrícia Acioli.

O Dia

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