Pode começar a se preparar para dar adeus ao Zé Gotinha, o famoso personagem das campanhas de vacinação nacionais contra a poliomielite, que combate a paralisia infantil. O Ministério da Saúde anunciou, com exclusividade à CRESCER, que o esquema de vacinação contra a pólio vai ser mudado: a vacina oral, a Sabin (composta pelo vírus atenuado, mas vivo) dará lugar a vacina intramuscular, a Salk (feita com o vírus morto). Isso porque a conhecida "gotinha", por conter o vírus atenuado, oferece um risco, embora muito raro, de a criança desenvolver a doença. A decisão do Ministério segue uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que os países se preparem para a erradicação da poliomielite no mundo, o que deve acontecer em até cinco anos. No Brasil, a doença já está erradicada, mas com o uso da Sabin sempre há este risco mínimo dela se manifestar.
Os infectologistas Marcos Lago, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do comitê de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, e Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, adiantaram a CRESCER que essa mudança está prevista para acontecer já no ano que vem, embora o Ministério da Saúde diga que a data ainda não está definida. "A implantação de uma vacina é algo que dura três, quatro anos, pois é preciso garantir a sustentabilidade da produção. O que estamos fazendo agora é a discussão e o estudo de como será feita a introdução dessa vacina", afirma Carla Domingues, coordenadora geral do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Em entrevista exclusiva à CRESCER, ela deu mais detalhes de como será essa mudança e como isso vai impactar no calendário nacional de vacinação:
CRESCER: Como vai funcionar o esquema de vacinação quando a Salk for introduzida?
Carla Domingues: Em um primeiro momento, nós vamos fazer um esquema combinado, com as duas primeiras doses de pólio inativada, a Salk, aos 2 e aos 4 meses, e mais dois reforços com a pólio oral (aos 6 meses e aos 15 meses). Depois, a criança continua seguindo o esquema da campanha nacional de vacinação e permanece tomando a Sabin, como a gente faz de rotina. Quando esse esquema for implementado, teremos apenas uma campanha nacional contra a poliomielite.
C: Ela será mais uma injeção que a criança precisará tomar?
CD: Por enquanto, sim, mas depois a Salk vai ser introduzida em uma vacina heptavalente. Primeiro vamos disponibilizar a Pentavalente no ano que vem, que vai ser a junção da atual DTP (que protege contra difteria, tétano e coqueluche) com hemófilos do tipo b (contra meningite) e a hepatite B. Em um segundo momento, daqui a quatro ou cinco anos, vamos ter a heptavalente, que vai incluir ainda a meningocócica C e a Salk, a pólio inativada. Nós não vamos substituir completamente, nesse primeiro momento, a Sabin pela Salk, e sim vamos fazer uma transição - que é este esquema combinado, citado anteriormente -, até o momento em que a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definam que a doença está erradicada no mundo. Aí sim nós vamos deixar de usar a pólio oral e passa a usar só a inativada, a Salk.
C: E a Salk já será introduzida no calendário no ano que vem?
CD: Existe toda uma discussão técnica e operacional para se definir qual é o melhor momento para fazer essa transição, mas ainda não está definido que será o ano que vem. Porque a gente tem que discutir toda a questão da produção da vacina, de capacitação da rede, de organização para distribuição da vacina, a própria aquisição junto ao laboratório produtor. Então nós ainda não temos um plano definido de introdução. Se em janeiro a gente tiver a garantia de que vai ter a produção da vacina, que os profissionais estarão capacitados, que a rede de distribuição já tem condições de absorver a demanda, aí sim ela vai acontecer no ano que vem. Mas se um desses fatores não estiver pronto, nós não vamos tomar uma decisão irresponsável de introduzir uma vacina como essa, que significa uma conquista da sociedade brasileira (a erradicação da poliomielite), e correr o risco de ter falta de vacina e até de ter a reintrodução da doença no país. A mãe não pode chegar num posto, procurar a vacina contra a pólio e não ter.
Os infectologistas Marcos Lago, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do comitê de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, e Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, adiantaram a CRESCER que essa mudança está prevista para acontecer já no ano que vem, embora o Ministério da Saúde diga que a data ainda não está definida. "A implantação de uma vacina é algo que dura três, quatro anos, pois é preciso garantir a sustentabilidade da produção. O que estamos fazendo agora é a discussão e o estudo de como será feita a introdução dessa vacina", afirma Carla Domingues, coordenadora geral do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Em entrevista exclusiva à CRESCER, ela deu mais detalhes de como será essa mudança e como isso vai impactar no calendário nacional de vacinação:
CRESCER: Como vai funcionar o esquema de vacinação quando a Salk for introduzida?
Carla Domingues: Em um primeiro momento, nós vamos fazer um esquema combinado, com as duas primeiras doses de pólio inativada, a Salk, aos 2 e aos 4 meses, e mais dois reforços com a pólio oral (aos 6 meses e aos 15 meses). Depois, a criança continua seguindo o esquema da campanha nacional de vacinação e permanece tomando a Sabin, como a gente faz de rotina. Quando esse esquema for implementado, teremos apenas uma campanha nacional contra a poliomielite.
C: Ela será mais uma injeção que a criança precisará tomar?
CD: Por enquanto, sim, mas depois a Salk vai ser introduzida em uma vacina heptavalente. Primeiro vamos disponibilizar a Pentavalente no ano que vem, que vai ser a junção da atual DTP (que protege contra difteria, tétano e coqueluche) com hemófilos do tipo b (contra meningite) e a hepatite B. Em um segundo momento, daqui a quatro ou cinco anos, vamos ter a heptavalente, que vai incluir ainda a meningocócica C e a Salk, a pólio inativada. Nós não vamos substituir completamente, nesse primeiro momento, a Sabin pela Salk, e sim vamos fazer uma transição - que é este esquema combinado, citado anteriormente -, até o momento em que a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definam que a doença está erradicada no mundo. Aí sim nós vamos deixar de usar a pólio oral e passa a usar só a inativada, a Salk.
C: E a Salk já será introduzida no calendário no ano que vem?
CD: Existe toda uma discussão técnica e operacional para se definir qual é o melhor momento para fazer essa transição, mas ainda não está definido que será o ano que vem. Porque a gente tem que discutir toda a questão da produção da vacina, de capacitação da rede, de organização para distribuição da vacina, a própria aquisição junto ao laboratório produtor. Então nós ainda não temos um plano definido de introdução. Se em janeiro a gente tiver a garantia de que vai ter a produção da vacina, que os profissionais estarão capacitados, que a rede de distribuição já tem condições de absorver a demanda, aí sim ela vai acontecer no ano que vem. Mas se um desses fatores não estiver pronto, nós não vamos tomar uma decisão irresponsável de introduzir uma vacina como essa, que significa uma conquista da sociedade brasileira (a erradicação da poliomielite), e correr o risco de ter falta de vacina e até de ter a reintrodução da doença no país. A mãe não pode chegar num posto, procurar a vacina contra a pólio e não ter.
G1.
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